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sexta-feira, 28 de novembro de 2014

A QUEDA PARA O ALTO (LIVRO) e A CULPA É DAS ESTRELAS (FILME)

Imagem Youtube: livro

 Imagem Youtube: filme

Leituras e mais leituras nesses meus 45 anos. Não o tanto que gostaria de ter lido, mas também nem tão pouco que não tenha me causado revoluções internas memoráveis. E leituras diversas, entre livros, filmes, revistas.

Ao assistir o filme A CULPA É DAS ESTRELAS, inevitavelmente chorei. A lembrança de minha sogra que faleceu neste ano em abril se fez presente. Chorei pela vida esvairindo-se, a cada dia em um abraço fúnebre, a cada dia o mundo do silêncio chegando. A tomada de consciência, a angustia, a despedida,... tudo muito difícil.

Mas vi a dignidade, não importa por quanto tempo. Os jovens estavam em um lar, com seus pais, acompanhamento médico, alimentação, uma cama, que dizer um quarto e que quarto, viagem e acima de tudo o AMOR muito presente. E então fui solidária a dor de cada um que perde um ente querido desta maneira

Longe de desprezar ou diminuir o sofrimento, mas sendo sincera, o filme me remeteu, já que a morte é inevitável, que antes de tudo, sobressaia a dignidade e isto é nítido no romance, na pequena trajetória de vida, na questão de oportunidades.

Ao ler o livro A QUEDA PARA O ALTO, chorei, aquele choro que sangra a alma. Fiquei dias e dias que não pensava em outra situação se não a de Sandra Mara. Contei seus dias de passagem por esta caminhada, apenas 20 anos, o ano que morreu 1982, entre outras reflexões. Quanto tempo se passou e ainda vejo, convivo com muitos e muitos jovens tão presentes em minha vida e tão ausentes para a eternidade.

A questão do menor de idade (na linguagem atual, a criança e o adolescente), em situação de risco, desfavorável, injustiça social, sempre me trazem a tona sentimentos de muita dor, revolta, questionamentos, ausências,...

Ao tomarmos posse da leitura deste livro, bem como, Capitães da Areia de Jorge Amado, livros escritos na década de 80 e vivermos a realidade dos anos de 2014, com pequenos avanços, movem-me de uma indignação e tristeza.

A vida de Sandra, tão inocentemente dolorida e poeticamente escrita por ela, em forma autobiográfica, de depoimento, denúncia, sofrimento desde tão pequenina, me fez, faz e  sempre me fará chorar e muito, enquanto eu ainda ter a certeza que em algum lugar, em  um espaço indigno uma criança, um ser vivente sobrevive.

Sandra Mara e as suas precoces perdas para a eternidade, a falta de amor e carinho, a  ausência de responsabilidade ou esta somente atrelada a obrigação e olhe lá, a sua vida  de  andarilho, veio em blocos, todos que encontro por aí, durante o dia, por vezes e vezes,  em noite escura, em um espaço público, nas ruas desertas, calçadas, becos, escadarias,...  Sozinhos, em sua maioria, levando seus irmãos e responsabilizando-se por estes, em idade obviamente de serem cuidados e não de cuidar.

Então ao tomarmos posse desta história, real e presente, choro por lágrimas e alma e me sinto em um mundo desumano, regido por seres incompetentes. A própria tecnologia que agora uso para descrever este fato, entre outros avanços que o homem criou, tornam-se  supérfluos adereços a importância da essência da vida, dignidade.

E mais uma vez quero me firmar em um compromisso humano de ver todo ser humano de forma holística perante todos aqueles que estão em condições desfavoráveis, aos esfarrapados do mundo (Paulo Freire), agindo em promoção da dignidade, justiça social, bem estar, qualidade e direito a vida.

As atrocidades acometidas por profissionais envolvidos na vida de Sandra Mara e tão bem relatadas pela doce e humana garota, como a tortura, crueldades no corpo e na alma, o desprezo, a fala maldita que sentencia ou marca com rótulos, o autoritarismo ou apoio aos praticantes, que nunca pertençam a meu ser. Profissionais incapazes de ver sua inocência, ausência de políticas públicas, de um lar, estrutura digna para desenvolver-se, infelizmente me trouxe a tona inúmeros profissionais da atualidade que repetem atos, falas a cada dia mais veementemente.

E também vejo gente gritando por ações de condenação perpétua ou não, `as crianças e adolescentes, como proposta de salvação a humanidade, olhem e vejam o quanto ainda se faz necessário a luta na garantia e fazer em prol de uma vida digna, e isto, em pleno 2014.

Por isso, qualquer bandeira de trancafiar, exterminar,... não me convence que é o bastante a ser feito e sim me aborrece. Lutemos sim, antes pelo cumprimento da legislação tão eficazmente descrita no papel, tão eloquentemente proferida na voz de alguns demagogos.

Meu Deus,... quantas Sandras, Pixotes, Capitães de Areia, Cidadãos de Papel, veremos ser estupidamente regidos, por quem tem o dever de fazer valer a dignidade a vida.

Ler o livro, poderá despertar em alguns a compreensão de um mundo injusto e cruel, alimentada por muitos de nós.

O livro pode ser feito dowloand. Está em pdf. Boa leitura.

PROF. VERAMONTEIRO, Primavera 2014