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quarta-feira, 26 de junho de 2013

DISCIPLINA E LIMITES (APROFEM 2013)

Foto: APROFEM (Obrigada pela formação!)
 
Este curso me remeteu infelizmente a inúmeras agressões psicológicas e físicas que já presenciei em inúmeras escolas, nestes meus 14 anos de passagem por este espaço e o papel social, formador a nós direcionado dentro de nossa escola, sociedade.
Infelizmente, não é somente agressão estudante x estudante; estudante x professor; mas também, professor x estudante; professor x professor, professor x gestores; gestores x professores, pais x estudantes; pais x professores/gestores/educadores,... Enfim, uma indisciplina bem abrangente.
Assim, ao ler sobre a Indisciplina na sala de aula, me chamou a atenção, os adultos, educadores, promovendo a indisciplina, em um artigo escrito  por Luiz Alberto Oliveira Gonçalves/ Diálogo com docentes acerca da violência em meio escolar. In: ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL: CURRÍCULO EM MOVIMENTO – Perspectivas Atuais Belo Horizonte, novembro de 2010. (Publicarei site e partes no veja mais...)
É estranho pois ouvimos sempre do ponto de vista do estudante promotor de atos classificados como indisciplina. Porém não é incomum vermos atitudes que estão atreladas aqueles que ministram suas aulas, dirigem (gestores), atuam nestas escolas,...
O Coordenador Pedagógico que grita, que anula todo um trabalho, que xinga, que tumultua, que causa intriga entre um membro e o outro, destacando aquele e perseguindo o outro, diminuindo-os, que faz fofoca, que leva e traz, que não faz uma mediação entre os conflitos, deixando estes avultarem, que não cumpre as suas atribuições com fidedignidade, que não cumpre o horário, entre outras ações, promove indisciplina.
Um Diretor que grita, que dita ordens, que xinga, que não ouve os colegiados da unidade escolar, que a lei é a imposta por ele, por exemplo, ele tem um horário que ele segue e todos os outros o horário que está determinado, homologado, que não aplica corretamente as verbas, que uns são os seus queridinhos, que somente um grupo tem voz, que o estudante nunca é ouvido e assim age com corporativismo, entre outras ações, promove indiscipliana.
Quando temos o ATE, inspetor de aluno, bedel que usa sua força de repressão em um canto da escola, que ameaça chamar o beltrano ou siclano todo poderoso para conter uma rebeldia, este comete indisciplina.
Já presenciei uma professora que ao voltar-se indignada por um giz perdido que atingiu suas costas perguntar a toda a sala: “Quem foi o CUZÃO que atirou este giz?!”, que fazia citações como vai escovar o dente que sua boca esta fedida para dirigir-se a mim, entre tantos outros.
E infelizmente não são casos isolados, são casos decorrentes, como usar palavras de baixo calão, gritar, insultar, fazer piadinhas, humilhar, julgar e sentenciar seu presente, seu futuro, destratar, incomodar-se com a presença de um aluno...Há casos que este comportamento estende-se aos familiares. Claro que de forma isolada.
No caso que vivenciei e tomei uma postura deixando claro a minha indignação e contrariedade de forma explícita, sofri muito, pois fui colocada como alguém arruaceira, que toma partido de aluno, que não era solidária a professora, que poderia perder meu cargo com acusações de trazer transtornos a unidade, falta de cordialidade com a colega. A minha inexperiência permitiu-me calar-me na página 15 de um livro de 30 páginas. Medo!!!!
Mas a minha indignação era pelo corporativismo que encontrei, onde todos enxergavam a atitude opressora da professora, sabiam que ela estava errada e quem de fato deveria intervir não o fazia, ficando no campo do deixa pra lá e a opressão rolando solta.
Hoje, publico para que possamos refletir até que ponto não podemos estar sendo um instrumento de promoção daquilo que tanto nos aflige, que nos angustia, a indisciplina a  no meio escolar.
E alguém exclamará: “Somente quem está lá todos os dias sabe o que realmente acontece”!!!! Queria ver você lá!!!
Porém, infelizmente atitudes que promovem indisciplina não estão somente em relações que se concretizam entre adolescentes, jovens, adultos, por relações desgastadas, doentes. Por vezes, encontramos a dissonância entre o ser mesmo com os que ainda estão na mais tenra idade, com crianças e esta atitude, este agir parece estar mais atrelado a sua personalidade do que o meio onde está inserido.
Então quando vejo uma mensagem pedindo aos alunos, estudantes, educandos, dentre outros chamados, para respeitarem seus professores, me causa estranheza e sinto como uma chamada mais propícia a todos que estão nesta relação.  
 
Um respeito que alcance a TODOS!!! ESTUDANTES E PROFESSORES!!! PROFESSORES E ESTUDANTES!!! PROFESSORES E PROFESSORES!!! PAIS E ESCOLA!!!! COMUNIDADE ESCOLAR E COMUNIDADE NO ENTORNO!!!!!
Um estudante que me veja somente como uma professora que deve ser respeitado, por ser professora, me causa tristeza. Quero ser vista como gente que respeita e que merece respeito, gente igual ao que está ao seu lado, que vem a escola, que vai para casa, gente, gente, gente. Professora, Coordenadora Pedagógica é uma conquista e não mais um artifício para obter "privilégios".
Agora não podemos esquecer que em todos os campos da nossa sociedade existem REGRAS e estas nos orientam em um comportamento adequado para estarmos na rua, na igreja, em um hospital, na nossa casa, com nossos vizinhos. Por isso é inconcebível que a ESCOLA também não tenha em seu caminhar REGRAS NO AMBIENTE ESCOLAR, DISCIPLINA.
Obviamente não devemos confundir com CONDUTAS AUTORITÁRIAS OU CONSERVADORAS, AUTORITARISMO e sim caminharmos para um espaço que promova uma posição participativa de todos os envolvidos em uma postura crítica frente as regras, sabendo questioná-las se estas forem arbitrárias, inadequadas, antidemocráticas, desrespeitosas.
Por isso a DISCIPLINA QUE EDUCA, deve ser colocada como mais um passo que promove a ruptura das ações de pequenas gravidades, perturbações no ambiente escolar, violação das regras escolares, desobediências as regras de convivío, autoritarismo, situações  que trazem consequências drásticas a integridade físicas e psicológicas, imediatas ou não a todos os envolvidos.
Não promova a indisciplina, por mais difícil que esteja a sua situação. Vejamos o que esta escola está promovendo para que se assole essa indisciplina que vai para o campo da violência. Vejamos o que podemos fazer dentro de uma proposta que discuta e faça valer o papel das regras no ambiente escolar.
E não adianta se dizer que o ECA Estatuto da Criança e do Adolescente é para passar a mão em leviandades pois, existem sim, esclarecimento quanto aos atos infracionais (quando protagonizados por adolescentes entre 12 e 18 anos) onde se coloca também medidas socioeducativas, ainda que estamos no país da impunidade em várias situações.
E antes de chegarmos a este e outros amparos legais, que façamos valer o nosso papel de educador em uma escolar  que educa, promovendo com nosso trabalho, no coletivo ações que expurguem atos indisciplinares.
Assim que todos nós, possamos refletir e ver que estamos sujeitos ativos, gente, gente que acerta e gente que comete erros sim, mas antes de tudo, gente capaz de reverter situações e fazer-se promotor de um trabalho educativo, da socialização de todos nós.
Parafraseando Freire (1921-1997): "Ninguém disciplina ninguém, mas por outro lado nínguém se disciplina sozinho. Os homens se disciplinam em conjunto, intermediado pela realidade do mundo."

Inverno 2013, PROF. VERAMONTEIRO.
 
VEJA MAIS...
Diálogo com docentes acerca da violência em meio escolar - Luiz Alberto Oliveira Gonçalves. In: ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL: CURRÍCULO EM MOVIMENTO – Perspectivas Atuais Belo Horizonte, novembro de 2010.
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=16110&Itemid=936-pdf - Acesso em 14.03.13.

Diálogo com Docentes Acerca da Violência em Meio Escolar
Luiz Alberto Oliveira Gonçalves
Dada a complexidade do fenômeno e de suas articulações temáticas, tratar-se-á, neste artigo, exclusivamente do tema da violência em meio escolar, lembrando que, embora diferente do da agressividade e do da indisciplina, esses fenômenos não estão totalmente dissociados. É difícil não identificar traços de um dentro do outro. Muitos docentes, certamente, já assistiram em sua sala de aula a um ato de indisciplina de seus alunos (desrespeito a normas) transformar-se em um ato de agressividade e por vezes em violência física. Assim como muitos alunos já viram docentes fazendo uso de uma linguagem verbal agressiva (gritos e insultos), que aos poucos se transformou em atos de humilhação, de discriminação e de exclusão. Para efeito de compreensão do fenômeno usaremos o conceito de “violência em meio escolar” e não o de “violência escolar”, como em geral se fala na mídia e nas conversas diárias. O conceito foi cunhado por Eric Débarbieux (2002) para mostrar que esse fenômeno “decorre da situação de violência social que atinge tanto a vida dos estabelecimentos de ensino, sobretudo públicos, assim como pode expressar modalidades de ação que nascem no ambiente pedagógico” (GONÇALVES & SPOSITO, 2002, p. 102).

Professores (as), Autoridade, Autonomia e Violência

Nos últimos cinco anos, apareceram bons estudos que mostram como esse fenômeno se difundiu (SAMPAIO, 2005; KOHLER, 2003; PERES, 2005). Analisando o habitus de professores e professoras em escolas de ensino médio, Marilda da Silva (2005) observa, nas práticas de docentes em sala de aula, um tipo de violência que estes provocam tendo como foco os próprios alunos, tanto faz se são meninos ou meninas. A autora trabalha com o conceito de “violência psicológica” desenvolvido por Sonia Maria Ferreira Kohler (2003). Na sala de aula, essa violência pode ter diferentes manifestações. Ela ocorre, por exemplo, em situações em que o docente se põe a falar aos gritos, o que pode provocar intimidação ou reação do aluno de retribuir no mesmo tom. A violência pode aparecer quando o docente se serve do ato de “humilhar” os alunos fazendo comparações, se servindo de “imagens depreciativas” (KOHELER, op. cit).

Estudando os efeitos do conceito de masculinidade que perpassa a sociedade brasileira e que afeta principalmente a construção da identidade de jovens entre 15 e 18 anos, Valter Ude Marques analisou o uso de vocabulários depreciativos, sobretudo quando os docentes se dirigem a adolescentes do sexo masculino. Muitas vezes, para corrigi-los de um comportamento não desejável, os docentes os infantilizam na frente de toda sala ou, para fazerem valer uma de suas regras, usam palavras ofensivas em tom de brincadeira, achando que isso os aproxima da turma. (UDE, 2007).
O mais dramático em todas essas possíveis cenas de humilhação é o fato de que nós, professores, podemos praticar atos ofensivos sem termos consciência de que eles são violentos. Kohler frisa esse aspecto em seu estudo. Para ela, na maior parte das situações, os docentes não entendem que suas atitudes podem ter impacto negativo no comportamento dos alunos.

Certa feita, conversando sobre esse tema com professores do ensino médio que lecionam em uma escola pública de um bairro da cidade de Belo Horizonte, ouvimos depoimentos que refletiam sua indignação com a atitude dos adolescentes em sala de aula.

Sobre sua própria atitude, disse uma professora de Biologia
- Grito mesmo! O que eles tão pensando? Ainda se fossem criancinhas, dava até para deixar passar, mas não são (...) são cavalões e dissimulados. Se eu baixar a voz, aí que eles montam mesmo. Acho que temos que nos impor, sim. Mostrar autoridade. Isso é uma maneira de educar, de colocar limites. Não sei por que o sr. está nos perguntando se isso é violência. Para mim não é, sou enérgica, o que é muito diferente de ser violenta. Na minha aula, eles ficam uma seda...

Veja como é difícil avaliar a atitude que professores podem tomar na sala de aula. Se você, que está lendo este artigo, tivesse de se posicionar quanto à atitude da professora de Biologia que grita com os alunos e não vê isso como uma violência, mas como uma forma de impor limites, de mostrar quem tem autoridade, qual seria sua interpretação desse gesto? É violência como sugerem as pesquisadoras acima citadas? Ou é uma forma de se garantir a autoridade, por meio de uma fala enérgica, como nos quer fazer crer a professora?

Talvez conhecendo outras pesquisas, possamos avaliar um pouco mais essas situações de violência psicológica. Como o nosso objetivo é fornecer elementos para que nós, professores, possamos orientar nossas ações em sala de aula, pareceu-nos importante apresentar algumas evidências que foram detectadas em estudos com alunos do ensino médio para ver que contribuições elas poderiam nos dar para pensar a nossa prática docente.

Para esse fim, escolhemos uma pesquisa com dados que levantam questões acerca de práticas que têm sido adotadas com intuito de reduzir a violência em ambientes escolares. Trata-se de um estudo feito por Luis Sergio Peres (2005) no qual se analisa a percepção de estudantes do ensino fundamental e do médio quanto à prática de professores de Educação Física. Como se sabe, há uma crença de que as práticas esportivas poderiam ser um canalizador das tendências agressivas dos adolescentes, transformando-as em tendências agregadoras. Bastante difundida nos sistemas de ensino, essa ideia vem orientando muitos gestores educacionais em várias partes do país. Poderiam ser mecanismos de sociabilidade, capazes de fazer com que os adolescentes nelas envolvidos aprendam a respeitar regras, a aceitar as diferenças, a atuar em equipe, a entender que adversários não são inimigos, mas coadjuvantes de uma ação comum na qual todos são partícipes com chances iguais. Enfim, acredita-se que essas práticas em si contêm o germe da união. São por natureza produtoras de laços sociais.

Entretanto, a pesquisa de Peres vai nos mostrar algo mais complexo. As práticas esportivas, sejam elas escolares ou não, pressupõem relações sociais, logo, por si sós, de forma natural, essas práticas não produzem nenhuma sociabilidade. Quem promove a sociabilização são os atores em relação. É a qualidade dessas relações que produz os desejados laços sociais. Pensando essas práticas na escola a partir das aulas de Educação Física, Peres captou em sua pesquisa uma série de elementos que vão de encontro à crença acima citada. A coleta de dados se deu em três cidades do Oeste do Estado do Paraná. Dela participaram 18 professores(as) de Educação Física e 170 alunos(as) escolhidos aleatoriamente. Foram observados e submetidos a entrevistas e questionários. A análise dos dados aponta para o contrário da crença. As práticas pedagógicas dos(as) docentes estavam, respectivamente, eivadas de abusos de poder, de exclusão constante de alunos(as) desta ou daquela atividade.

O que mais marcou o pesquisador em apreço foi a agressividade no tom de voz dos professores(as) ao chamarem a atenção dos alunos(as), com gritos e até com palavrões. Assistiu inclusive a atos que desvalorizavam as capacidades de alguns estudantes. Por si sós, as práticas esportivas não produzem os laços esperados. Na realidade, elas, como qualquer outra prática pedagógica, dependem da qualidade das relações que se estabelecem entre docentes e estudantes. Estas, sim, podem ser as geradoras de atos de violência ou de laços sociais.

O grande problema é que, para que possamos compreender que as relações podem ser as geradoras de tensões ou, ao contrário, de entendimento e negociações, é preciso que nós, docentes, enxerguemos a sala de aula como um local de relações (SAMPAIO, op. cit., p. 13). Será que concebemos a sala de aula dessa forma? Você já pensou nisso quando está na sala com seus alunos? Veja como é importante pensar a sala de aula como um lócus relacional.

Segundo Pedro Vallejo Morales (2000), o modo como se processa nossa relação com os alunos pode incidir positivamente ou não tanto no seu aprendizado quanto na nossa satisfação profissional e pessoal (MORALES, op. cit, p.10). A relação professor-aluno em sala de aula, como lembra Julio Groppa Aquino (1996, p. 52), é o núcleo central do trabalho pedagógico, porque é com ela e por meio dela que o conhecimento se realiza. Para esse autor, as relações em sala de aula são compreendidas como um ato em conjunto, por isso ele vê as interações que ali ocorrem como momentos de negociação, ou seja, de mediação de conflitos, de possibilidade de fazer frente à violência, enfim como momentos de construção de laços sociais.

CURIOSIDADE CRUEL....

Embrião da Violência em Meio Escolar

No Brasil, por exemplo, há registros de historiadores da educação que mostram a existência de violência em meio escolar na segunda metade do século XIX (DALCIN, 2005). Entre os procedimentos adotados, destacou-se um em que se concedia aos professores o direito de usar práticas de maus-tratos em alunos que não se comportassem segundo o figurino. O procedimento ficou conhecido como método Lancaster, segundo o qual os professores tinham um kit básico com direito a tornozeleiras de madeira (embrião de algemas) para prender os alunos nas pernas das mesas, impedindo-os de se movimentar. E ainda uma coleira de madeira feita para prender os alunos pelo pescoço, atando-os nas carteiras imobilizando-os completamente. Fazia parte desse equipamento torturante um cesto enorme sustentado por cordas, dentro do qual o aluno insolente era posto, amarrado, e mantido suspenso no alto da sala para que fosse visto por todos como um exemplo de mau comportamento (FARIA FILHO, 1999). Acreditava-se que, com isso, aluno nenhum se atreveria a ousar em sala aula com seus mestres.

Muitos leitores deste artigo dirão: “mas isso foi no passado, hoje já não é mais assim”. De fato, os castigos violentos foram ficando mais “suaves”. Os instrumentos supracitados foram substituídos por palmatórias e joelhos no milho, que eram punições ministradas aos alunos, muitas vezes com o consentimento dos pais. Até esses desapareceram de nosso cotidiano. Com o avanço da legislação em favor dos direitos da criança e dos adolescentes (ECA), aumentou-se cada vez mais o controle da violência física infligida aos alunos no interior das escolas. Mas isso não significa que tenham desaparecido totalmente as formas coercitivas que, impingidas por professores aos alunos, produzem efeitos morais e psicológicos.

terça-feira, 18 de junho de 2013

MANIFESTAÇÕES X VANDALISMO

 Fonte: facebook
Quero entender melhor essa palavra! VANDALISMO!!!! No famoso dicionário Aurélio temos a seguinte colocação: "VANDALISMO: ação própria de vândalo. VÂNDALO: quem nada respeita, destrói monumento, tudo."
Veicular uma frase como esta: “Sou a favor da manifestação, mas sem vandalismo! Vamos mudar o Brasil e não acabar com ele”, me causa estranheza total e fica difícil poder entender todo este processo de indignar-se com a fineza do povo de Estocolmo, capital da Suécia.

Somos anos a pós anos desrespeitados. Vejamos no tocante ao transporte em São Paulo. Em 1985 quando comecei a minha rota de trabalho e estudo na cidade de São Paulo já sofria condições horrorosas dentro deste. E ganhando um salário mínimo ou três, sempre tive que bancar a ida ao trabalho, escola e volta para casa. Como se dava o percurso?!

 Extremamente desrespeitoso: pago, superlotado, sujo, com atrasos, sofrendo abuso sexual, com “aconchos nojentos” ...Vivenciei vandalismo todos os dias do amanhecer ao crepúsculo, da adolescência a juventude, da fase adulta a caminho da terceira idade.

E mais desrespeito permearam a minha vida e de tantos outros, principalmente periféricos. Desrespeito na saude, escola, saneamento básico, segurança, bens culturais, direito a voz, o ser reconhecido de fato como cidadão, ...
Agora com tantas manifestações, ver uma janela quebrada, ver uma fogueira acesa, um ônibus a menos, um espaço detonado, me remete as inúmeras ações “vandalísticas” que sobreveem em nosso ser e que tivemos e temos que suplantar dias após dias, nos reconstruindo em uma selva de pedra, fazendo sol ou chuva, pois a coisa pode piorar e depende muito de nós para que ela não fique pior do que está no presente e futuro.

 Continuando sobre VANDALISMO, vejo outros vandalismos que advem através do desrespeito ao nosso direito, a destruição de nós paulatinamente, internamente e externamente, com saude e seus hospitais precários, falta de moradia, com mortes de entes queridos, pessoas próximas, os filhos da pátria, por conta da violência, falta de assistência médica ou na guerra urbana, que nos assolada de dia e de noite.

 VANDALISMO é ver os filhos da pátria, nas quebradas periféricas, serem mutilados ou dizimados precocemente com enfermidades sociais, tais como a dependência química, entre outros males, onde o diagnóstico é por conta da ausência do estado, políticas públicas de prevenção, educação, atuação de fato. E alguém dirá, mas existe o projeto de cuidar destes e internação garantida. Agora?! Vinte anos depois?! Quero primeiro profilaxia, prevenção.

Estou tão fria diante de tantos fatos dolorosos, que a parede do palácio arrebentada, o ônibus queimado, a calçada detonada, a loja, a lata de lixo, o espaço enfeiado, não me traz tanta indignação e visão de VANDALISMO quanto a corrupção, ausência de direitos, fazer político e social que vivencio desde quando comecei a me entender por gente neste mundo, digamos que final da adolescência.

Contemplo diariamente a ausência de ação e transformação de espaço público, detonação de bens públicos na nossa periferia. A avenida Sapopemba, altura do número 17.000 é escandalosamente esburacada, sem calçada para predestre, um perigo iminente. As ruas do entorno onde moro estão sem calçadas apropriadas, basta ver a dificuldade em levar as crianças pequeninas do CEI Jardim Rodolfo Pirani até o CEU SÃO RAFAEL, para sentir invadido pelo desrespeito. Sem falar na inclusão arquitetônica tão apregoada. Morei 20 anos no Iguatemi Zona Leste, comi, amassei muito barro, vivi a precariedade anos a anos, assim como ainda vejo bairros sem infraestrutura, dignidade humana nenhuma em pleno século XXI, no país da Copa.

Para chegarmos aos VÂNDALOS que promovem o VANDALISMOpodemos começar a pensar o que foi feito ou não feito, como se formou esta sociedade para termos estes seres e temos consciência o suficiente, que não precisamos ser nenhum especialista em Ciências Sociais, Políticas Sociais para entendermos todo este processo. E cito somente um exemplo para não ficarmos somente no campo dos pensamentos: e as crianças, com suas famílias que vivem nas invasões, que são desalojadas, desapropriadas de suas precárias moradias com a escavadeira, polícia, choque, justiça de papel,...

 Há várias formas de se expressar e vejo por pior que seja julgada a ação, como uma forma de expressão de algo que nos esta posto e nos transformamos. Se quebra, xinga, bate, grita, desacata, é por falta de educação, formação cidadã, desagrado por atos lhe impostos muito mais alarmantes e isto anos a anos nos direcionado.

Trago um um refrão que cantei muito na infância, nas aulas de Educação Moral e Cívica: “Eu te amo, meu Brasil, eu te amo! Meu coração é verde, amarelo, branco, azul anil. Eu te amo, meu Brasil, eu te amo! Ninguém segura a juventude do Brasil.” Sei que esta música pertenceu a ditadura, momento histórico que abomino e sei qual a intencionalidade desta música para aquele contexto. Por isso não estou fazendo apologia ao momento.
Hoje porém, a publico com aplauso a esta nova juventude que esta surgindo, que amamos, com este coração brasileiro e assim como esta se fazendo me enche de esperanças. Uma juventude que se faz necessária com novos movimentos políticos e ideológicos para substitui sim um reino (partidos políticos) que já esta um tanto desgastado. (Jovens do Roda Viva 17/05/2013 Nina Capello e Lucas Monteiro Oliveira e demais manifestantes).

A nossa política pública e partidária necessita de sangue novo, de gente democrática de fato, de gente humana, ética, com visão social e fazer social.
 
Gente despretensiosa de ganância e visão para o seu umbigo. Reafirmo estou esperançosa e acreditando que um determinismo político começa a ser desconstruído, destituído.

 PARABÉNS À TODOS JOVENS BRASILEIROS EM MOVIMENTO CONTRA TUDO ISTO QUE NOS AFLINGE ANOS POR ANOS!!!!! Juventude do meu Brasil vamos juntos de mãos dadas.

 Foto: Reprodução/YouTube
Nina Cappello, estudante de Direito da USP de 23 anos, e Lucas Oliveira, historiador formado também pela USP foram os entrevistados de ontem do Roda Viva, da TV Cultura. Antes do programa, Nina concedeu rápida entrevista ao "Vi na Internet" e falou um pouco sobre as propostas do Movimento Passe Livre.
Outono de 2013, PROF. VERAMONTEIRO.

 

 

domingo, 2 de junho de 2013

ASSÉDIO MORAL: nome novo, antiga e má prática

Acervo Pessoal
Estou lendo um livro, NÃO SE DESESPERE! Provocações filosóficas, do filósofo e escritor, Mário Sergio Cortella.
Apesar de concordar que alguns textos filosóficos são um porre para a leitura, pois é muito rebuscado e isto eu tenho consciência que é a falta de conhecimentos mais abrangentes, tais como, os fatos históricos e sociais que levaram o homem a pensar daquele jeito e transcrever, entre outros, digo que este livro é muito sugestivo e de uma leitura gostosa.
Sabe aquela dica que aprendemos quando somos incentivados a escrever que devemos escrever um texto bonito e gostoso de se ler, então, assim é cada página deste livro. São textos que vem dialogar com você falando de várias questões tão pertinentes a nossa formação humana, cidadã, profissional,  filosófica e porque não dizer, espiritual.
Se Deus me perguntasse: “O manto de quem você gostaria de receber e ser discípula?!”,  como se em um rito de passagem eu estivesse, eu responderia sem exitar: “ A capa, o manto de Mário Sérgio Cortella.” E pode até soar como vaidade e talvez até seja, mas ele é homem sábio, nobre, humano, inteligente e humilde, íntegro, sensível, benevolente, respeitoso, amoroso sem ser licencioso,  professor,  EXEMPLO,...
E vejo mais uma confirmação da minha afinidade com este homem, ele foi Assessor Especial e Chefe de Gabinete do Professor PAULO FREIRE, quando este foi Secretário Municipal da Educação e Paulo Freire para mim é o homem mais digno de toda admiração que eu possa expressar, de todos os tempos deste país.
Mas quero voltar ao livro e assim dentre os textos que já li, vou comentar o que trata do Assédio moral: nome novo, antiga e má prática, que compõem as páginas 59 à 62 (ao final irei transcrevê-lo no veja o texto na íntegra). E porque então este texto agora?!
Por perceber que como a fogueira das vaidades permite este tipo de comportamento e infelizmente ver que ele é mais comum do que possamos imaginar. E por vezes esses assédios  vem explícito  na fala do tal momento de intimidade que o outro se revela a alguém,  sem que o assediado veja.
A questão que me indaga é: “Como em pleno século XXI, com tanto processo de formação pessoal, social, histórica podemos encontrar seres que promovem este tipo de sofrimento a outro? E os que acompanham este tipo de comportamento como platéia de  circo se deleitando no sofrimento do outro? Como explicar que pessoas adultas conseguem ser assim, ter e adoçar certos comportamentos? E estes seres, por vezes com formação dita intelectual, social,...?
Porém nos mais diversos setores da vida, tais como, casa, trabalho, igreja, escola, sala de aula e por vezes professores direcionando a estudantes (ou colegas de trabalho) e vice versa, encontros sociais, REDES SOCIAIS, ... essa violência que rebaixa a dignidade, que fere a alma de forma por vezes sutil, que se coloca como no fazer para humilhar, adoecer, que apunhala matando aos pouco,  fortalecer o preconceito, que segrega, precisa SIM, ser combatida e este combate tem que vir de seres como nós que não vamos nos calar e muito menos promover tais ações degradantes a espécie humana, tanto do ponto de vista de quem pratica como de quem sofre a agressão.
 Indico o texto como aporte pedagógico em todas as instâncias da escola.
 Acervo Pessoal


Outono de 2013, PROF.VERAMONTEIRO.
Veja o texto na íntegra....