Infelizmente tive mais
professores que me fizeram sofrer, com suas cabecinhas elitizadas de se acharem
detentores do saber, poderosos. Na década de 1980, quando frequentei o antigo Primeiro Grau, me viam e me tratavam
como uma aluna fraquinha para a aprendizagem, “sem futuro”, pobre moradora de
um bairro com inúmeras falta de infraestrutura, saneamento básico, pais
analfabetos, irmãos encapetados (cheguei a ouvir gritos de uma professora, pois
meu irmão a havia pilhado a tarde e a noite entrou aos berros na aula,
direcionando a minha pessoa as falhas de meu irmão), crente (fazer determinante
para gente sem futuro), ...
Porém, eu tinha o perfil não
reprovável, aplaudido para a década de 80. Era quieta, sem voz diante de
qualquer situação, passiva, silenciosa,... Então ouvia calada, chorava
escondido, ... Ouvi os gritos, vivi os descréditos, segui minha vida persistindo
em formação profissional, cidadã, espiritual.
Trilhei um caminho com
conquistas que me fazem bem e que me fizeram chegar aonde aprendi a
internalizar que jamais chegaria. Superei desafios, venci adversidades,
encontrei vitórias.
Encontrei na educação e na
vida os professores de outrora e a surpresa ou pela superação pessoal ou por
suas próprias expectativas frustradas, determinismo falido se fizeram presentes. Passei a ser vista
como intruso, ... Como assim, aquela, aqui, com Cargo de Gestão, efetiva no Estado e Prefeitura?! Não, não pode ser?! E então me tornei
alvo de fofocas, de uma persona no grata, de comentários maldosos, de momentos
que me trouxeram tristeza novamente... Não vou citar nomes, são pessoas
conhecidas na vida ou na rede social.
De tudo isto me valeu uma aprendizagem
tão rica, tão humana, tão profissional que tento todos os dias praticar o bem
aos alunos. Assim, não julgar seu presente e muito menos prever
seu futuro, de acreditar em superação, de ser gentil, de vê-los como seres em
construção e o meu dever social é acolhê-los, orientá-los, ser humana e o seu
futuro a Deus e somente a ele (aluno) pertence é o que pratico! E também como Coordenadora Pedagógica aos professores que me achegam. É preciso respeitar, trilhar uma caminho de não a opressão a todos os seres humanos, principalmente quando se tratar de um equipamento educacional. É inadmissível a falta de respeito, ética, senso de justiça, ...
E felizmente tenho
encontrado PROFESSORES na atualidade que compactuam comigo esse caminhar sendo
além de profissional social, responsável, são também referência, incentivadores,
promotores de saberes com alegria, amor, acreditar, mesmo com todas as adversidades, por vezes tão
doloridas, são multiplicadores de sonhos, de utopias promissoras. Queria e muito citar seus nomes, mas vou "pular" alguém. Rsrsrs...
Em contrapartida tenho visto
alguns PROFESSORES, em minha caminhada educacional, também na atualidade, que me machucam, me repugnam, me remetem
ao meu passado, com o nariz empinado, soberbos, opressores, que me arrepiam com
suas posturas opressoras, julgadoras, deterministas e me fazem vê-los mais
incapacitados em lidar com determinadas situações, do que os próprios alunos.
E quando aqui escrevo,
citando mais uma vez Paulo Freire, o “ESCREVER, PARA MIM, vem sendo tanto um
prazer profundamente experimentado quanto um dever irrecusável, uma tarefa
política a ser cumprida, ... porque me sinto politicamente comprometido... a
natureza política do ato de escrever,... Não posso mentir aos leitores e
leitoras, ocultando verdades deliberadamente, ...” Cartas à Cristina, página
19 e 20, vejo este momento como uma oportunidade de refletirmos, termos a visão que somos
sim observados, capazes de deixarmos marcas profundas de crescimento ou não.
Sigo, na ânsia de que podemos um dia contemplar a humanidade, ética, respeito,
nos caminhos do educar e ser educado, do formar e ser transformado.
Sugestão de Leitura: Para Sara, Raquel, Lia e para todas
as crianças, Carlos Drummond de Andrade,
PROF.VERAMONTEIRO,
PRIMAVERA 2014